São Francisco Xavier (SP)
- almadeturista
- 23 de set. de 2018
- 5 min de leitura
Cachoeiras, trilhas, esquilos e silêncio

São Francisco Xavier Como chegar: mapa Trilhas Pouso do Rochedo Como chegar: mapa Site oficial: pousodorochedo.com.br
Introdução
São Francisco Xavier foi uma sugestão interessante do Google para uma palavra chave que já não me recordo exatamente. Em todo caso, a situação motivadora era essa: tínhamos um aniversário para ir em Jacareí no sábado a noite, uma diária de hotel em São José dos Campos e disposição para explorar algo nas proximidades. Nunca tinha ouvido falar desse distrito afastado de São José, mas foi definitivamente uma boa escolha.
Rodeado por cidades como Monte Verde, Gonçalves e Campos do Jordão, São Francisco Xavier é uma opção menos usual (e, para mim, até então desconhecida) de passeio na região da Serra da Mantiqueira.
Destino de ecoturismo, os atrativos da cidade são as trilhas em meio a mata, cachoeiras e picos com vista para a serra. Uma das trilhas, por exemplo, tinha uns 10km e seguia até Monte Verde (pelo que li, o pessoal muito atlético levava ao menos 5 horas no percurso de ida e volta). Como meu sedentarismo atual não me permitia tamanha ousadia, procurei opções mais viáveis.

Encontrei, então, as trilhas do Pouso do Rochedo (uma das pousadas de São Francisco Xavier). Em sua propriedade, existem oito cachoeiras e trilhas autoguiadas muito bem cuidadas. Quem se hospeda na pousada tem livre acesso durante a estadia.
Entretanto, pagando uma taxa (atualmente de R$20,00 por pessoa) você consegue acesso de visitante e pode percorrer todas as trilhas. A pousada limita a permanência dos visitantes em cerca de 4 horas (é o tempo que se leva para fazer a trilha calmamente)
Rumo a São Francisco Xavier
É uma sina: a previsão do tempo indicou durante toda a semana anterior que no sábado (dia em que faríamos o passeio) iria chover. Acordamos às cinco e pouco da manhã do sábado e resolvemos correr o risco.
Havia ligado no Pouso do Rochedo dias antes e recomendaram que chegássemos cedo (por volta das 9h), para que desse tempo de completar a trilha. Às 7 horas estávamos na Dutra.

Abandonamos a Dutra na saída 152 (sentido RJ) e fomos seguindo o waze. Passamos por dentro de São José dos Campos até chegar a SP-050 ou Rodovia Monteiro Lobato.
São Francisco Xavier fica a 60km de São José dos Campos, rapidinho, né? Nem tanto. O caminho é cheio das curvas e o limite de velocidade é de no máximo 60km/h (em grande parte do trajeto é de 40km/h).

E esse limite de velocidade é limite mesmo. Uns carros da região ainda ultrapassam um ou outro, mas a maioria seguia na velocidade, fazendo as curvas bem devagar.
A rodovia passa pela pequena cidade de Monteiro Lobato, com pouco mais de 4 mil habitantes. Dali deixamos a SP-050 e continuamos por estradas bem mais sinuosas.

Depois de várias curvas, vacas e cabritos e mais de uma hora de percurso, chegamos ao trevo de São Francisco Xavier. Ali entramos na Estrada de Santa Bárbara e, depois de passarmos pela Pousada sem reparar nela, demos a volta e chegamos enfim (pouco antes das 9h!).

Pouso do Rochedo
Fomos ao banheiro, abastecemos a mochila com água e bolacha (de saudável basta a trilha por hoje), pagamos a entrada e ganhamos um mapa com as instruções básicas: preparados.

A trilha é autoguiada e bem sinalizada, há, inclusive, cordas para ajudar a descer em lugares mais íngremes ou com pedras que podem escorregar.

Como o tempo estava feio há alguns dias, não tinha uma alma (visível, pelo menos) por lá. Assim pudemos andar por tudo sem a “pressão” de sermos ultrapassados e, muito mais relevante, sem sermos incomodados pelo barulho alheio (as pequenas alegrias de uma introvertida).
Primeira parte da trilha: Cachoeiras
A trilha é bem aberta e acessível no início, já com uma subidinha de leve para ir eliminando a preguiça. Três passos depois o moletom (estava até que frio) perdia o sentido da existência.

Pouco depois começamos a descida em direção a primeira atração da trilha: a Cachoeira da Mata. A água ainda estava bem gelada, mas a visão já valeu a pena.

A trilha acompanha as cachoeiras bem de perto, por isso fica bem mais estreita e com degraus que podem forçar um pouco um joelho podre. Esses degraus muitas vezes são de pedra e, para não ter risco de escorregar, cabos de aço servem de corrimão.

Nessa primeira parte do percurso, passamos por quatro cachoeiras: a da Mata, dos Taperás, da Mina e da Escada. No meio da vegetação e da água em suspensão, o calor passa e você entra naquele clima úmido que desacredita a sinusite.


Além das cachoeiras, a trilha era serpenteada por cursos d’água e, de quando em quando, encontrávamos piscinas naturais.



Depois um quilômetro bem vagaroso e contemplativo (feito em cerca de 45 minutos), chegamos a um campo de futebol e uma castanheira. Dali cruzamos uma ponte e seguimos para a segunda parte da trilha.

Segunda parte da trilha: que comece a subida…
Há duas trilhas diferentes que levam ao primeiro mirante. Nos recomendaram subir pela trilha da Montanha e retornar pela trilha do Pinhal. Assim o fizemos.
A trilha tem subidas bem cansativas, lembrando que minha referência é ser cansativo para uma criatura sedentária. Alguns pequenos trechos são em terreno quase plano, o que permite um descanso vez ou outra. Fiz algumas pequenas paradas para recuperar o fôlego e imagino que se tivesse ido em um dia quente, muitas mais seriam necessárias.
Depois de uma curva e subida, bem acentuadas por sinal, começamos a vislumbrar, por trás das muitas árvores, os morros.


A trilha da Montanha termina no Mirante Pouso do Rochedo, a 1800 metros de altura em relação ao nível do mar. Nele, desembocam as duas trilhas (Montanha e Pinhal). A partir dele já se tem uma ótima visão da serra, então se você não for aguentar o resto da subida, nem precisa ficar tão triste.


Terceira parte da trilha: que continue a subida…
Depois do primeiro mirante, ainda restavam 750 metros (segundo o mapa) de trilha e 5% de disposição. Já estávamos bem cansados e, a cada curva da trilha, olhávamos para cima e pensávamos: ali deve estar o mirante… Só que não. E isso repetidamente. Minhas pernas já não queriam mais obedecer, até que me motivaram pela última vez: essa era a derradeira subida. Enfim!
Exaustos. Essa é a palavra. Levamos praticamente 1 hora para percorrer os 2 km desde a ponte (descontando o tempo nos mirantes). Mas tudo bem, agora estávamos sentados, descansando e observando a paisagem.

Este último mirante fica a 2000 metros de altitude e se chama Mirante do Cruzeiro, como era de se esperar, há uma cruz.

Só o barulho do vento nas árvores e o belo panorama.
Quarta parte da trilha: descidas e descidas
O coração agradece e o joelho reclama: descidas. Ao chegar no primeiro mirante, topamos com uma família que subia até o Mirante do Cruzeiro. O pai, que já tinha ido antes, estava animado ainda, a mãe e os filhos estavam com a nossa cara de canseira. Fomos animadores e falamos que dava para chegar, mas tivemos que fazer o alerta de que ia cansar muito mais do que chegar até ali.
Tomamos a outra trilha (do Pinhal) rumo a ponte. Encontramos bicas d’água no caminho e abastecemos nossas garrafas com água gelada! Seguimos para a última parte da trilha.
Quinta parte da trilha: de volta às cachoeiras
Continuamos o caminho inicial, seguindo a trilha das cachoeiras para ver as últimas três: Cachoeira do Degrau Furado, Cachoeira Santa Bárbara (a maior delas) e Cachoeira da Gruta.


A cachoeira Santa Bárbara é a maior delas e começamos a vê-la desde a parte superior da queda.

E finalmente a melhor vista de cachoeira de todo o passeio:

Iniciamos a trilha às 9 da manhã, percorremos quase 6 km de subidas e descidas cansativas, vimos 7 cachoeiras (a oitava fica perto do campo de futebol e esquecemos), vimos parte da Serra da Mantiqueira desde uma altura de 2000 metros, encontramos esquilos e pouco depois das 13h chegávamos ao carro para percorrer mais 60km sinuosos até São José dos Campos.
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