José Bonifácio – SP
- almadeturista
- 23 de set. de 2018
- 4 min de leitura

Ficha Técnica:
Fundação: 1906
População: ≅ 35 mil habitantes
Como chegar: mapa
Aeroporto mais próximo: São José do Rio Preto
Introdução

Em 1906 as primeiras casas de pau-a-pique foram construídas às margens do córrego Cerradão, dando origem ao que seria o município de José Bonifácio. 83 anos depois surgi por lá também.
A probabilidade de que você conheça essa cidade de 35 mil habitantes não é das maiores, entretanto a chance de topar com um bonifaciano (diz o IBGE que o correto é bonifacense, mas me nego a acreditar) é alta: estamos em tudo que é lugar.
Grande parte da cidade pode ser facilmente percorrida a pé ou de bicicleta. Se bem que o calor (temperaturas acima de 30°C são padrão) e a preguiça podem desmotivar.
Localizado no noroeste do estado de São Paulo, o município dista cerca de 40 km de São José do Rio Preto e é banhado pelo Rio Tietê. Rio Preto é um destino corriqueiro, pois é lá que estão os cinemas, Mc Donald’s e afins, churrascarias e shoppings mais próximos; além de várias oportunidades de emprego.

O Tietê conhecido dos paulistanos tem outra cara por aqui, bem melhor por sinal. Depois de muitos quilômetros decantando a sujeira desde a grande São Paulo, o rio torna-se sinônimo de diversão e pesca.
Existem restaurantes na beira do rio que oferecem os peixes ali pescados. Há, também, várias praias fluviais (prainhas) e ranchos particulares, onde os moradores das cidades próximas gostam de passar o fim de semana.

Salto do Avanhandava

Próximo ao que é hoje José Bonifácio, havia uma queda d’água chamada Salto do Avanhandava, uma das maiores do Tietê. Próximo ao salto foi instalada uma colônia militar em 1862, na estrada que ligava as atuais Porto Feliz e Cuiabá.
Com o fim da Guerra do Paraguai, essa colônia foi esquecida pelo governo. Após ataques indígenas em 1886 a população deixou o local. Na década de 1970, com a construção da Usina Hidrelétrica de Nova Avanhandava, o salto deixou de existir devido ao alagamento da área próxima à barragem. O rio não é tão próximo da área urbana, mas nada que 30 minutos de carro nas rodovias Transbrasiliana ou Assis Chateaubriand não resolvam.
Costumes curiosos
Levei bastante tempo para perceber as características particulares da cidade (e da região), pois para mim tudo estava dentro dos conformes da humanidade. Tendo como base as caretas ou caras curiosas geradas a partir de alguns relatos pude selecionar essas peculiaridades da região:
– José Bonifácio possui apenas um CEP (só descobri que o CEP era por rua, quando me mudei para São Carlos)
– É comum anunciarem os falecimentos em um carro de som, de forma que todos os interessados fiquem sabendo a tempo de ir ao velório e enterro. O “anúncio” é composto por uma cantiga fúnebre, seguida de algo como: “Faleceu hoje, em nossa cidade, aos x anos de idade, o Sr. Fulano de Tal, mais conhecido como Fulaninho da padaria, irmão da Fulana da farmácia (e todos os parentes referência que o defunto possua). O corpo será velado no velório municipal…”.
– Esbarramos nas mesmas pessoas durante toda a vida. Sei por alto onde estão quase todas que fizeram o maternal comigo (muitas delas também estudaram comigo em outras épocas).
– Não sei se persiste, mas até alguns anos atrás as festas (com bandas e bebidas) eram quase que mensais e chamadas de bailes (de ano novo, do Hawaii, etc.).
– O prêmio dos bingos feitos nas quermesses é um frango assado (você pode retirar ao final da quermesse e levar para o almoço do outro dia, inclusive).
– Os trevos da maioria das cidades da região é em nível, ou seja, é preciso cruzar a rodovia para entrar nas cidades. Além disso, convivemos com pistas simples e inúmeros treminhões de cana-de-açúcar que abastecem as usinas próximas. Muitas pessoas morrem em acidentes de carro por aqui.
– Em datas especiais, a prefeitura costuma realizar festas gratuitas com artistas famosos, como no aniversário da cidade por exemplo.
– Não somos muito ligados aos nomes da maioria das ruas, somos mais adeptos aos pontos de referência
– Não nos deparamos com muitos crimes graves. Possuímos quase uma lista mental de todos os ocorridos durante nossa existência.
Gastronomia
– O cachorro-quente, além da salsicha, tem molho de carne moída ou frango (ou os dois se você pedir o misto), não tem purê (pasmem paulistanos), tem creme de milho e molho de pimenta. Muito bom!
– As praças funcionam quase como uma praça de alimentação ao ar livre, são vários trailers que servem lanches, “lanchinhos” para os mais íntimos. É quase como um festival de food truck diário, que vai madrugada adentro e os preços não costumam passar de 15 reais (pelo menos até agora).
– Esse tal de gelinho/sacolé/geladinho nos é conhecido como juju.
Habitante ilustre
– O padre Monsenhor Ângelo Angioni, que atuou na cidade por 60 anos e faleceu em 2008, foi notícia em 2015. Ao exumarem seu corpo, encontraram o coração intacto (mistérios). De qualquer forma, existe um feriado municipal em homenagem a ele.
Costume (bem) curioso
– Espero que não seja bem um costume e mais um experiência particular dos alunos da minha antiga escola. Fizemos uma excursão para conhecer nada mais nada menos que um dos frigoríficos da cidade. Conhecer mesmo, vimos desde o abate das vacas (incluindo marretadas em uma perseverante) até as tripas usadas para fazer linguiça. Foi inesquecível, mas não em um sentido muito feliz para um bando de crianças.
Finalmente…
José Bonifácio foi o melhor lugar possível para passar os primeiros 17 anos de vida, bastava uma bicicleta e pronto. Agora me contento em voltar (com menos frequência do que gostaria) e matar a saudade das inúmeras sorveterias, das pessoas especiais e de ter um quintal por alguns dias, pelo menos.
Fontes:
http://fortalezas.org/?ct=fortaleza&id_fortaleza=856&muda_idioma=PT http://www.estacoesferroviarias.com.br/lugaresesquecidos/salto_avanhandava.htm
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